sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

As dores e delícias de...produzir seus alimentos!

Tenho tentado substituir ao máximo os industrializados aqui de casa por coisas que eu mesma faço (ou tento, né?). Só levo a tarefa a cabo quando o resultado é realmente bom. O resultado é que não compramos congelados de nenhum tipo e produtos prontos em geral. Faço os hambúrgueres congelados, que é a única carne que eventualmente consumimos, o iogurte natural e com polpa, o cottage (uso a fantástica receita do From My Home To Yours), os biscoitos, o suco de acerola do meu pé que dá o ano todo, boa parte do pão, os molhos, as geléias, os chutneys, os patês, salgados assados, tortas...

Toda vez que tenho preguiça e penso em comprar um pote de sorvete industrializado, desanimo ao tê-lo em mãos porque apesar de já saber de cor e salteado o conteúdo nojento, minha mania de ler rótulos me lembra que lá tem muito mais coisas do que realmente deveria ter e fico com a ligeira impressão de que dentro de mim irão crescer organismos não identificados que me comerão viva a começar por dentro (muuuitos filmes de terror B e ficção cientifica na infância mostram sua nefanda conseqüência...!)

Não tenho mais tempo que a maioria das pessoas, mas como estou morando fora da cidade, minha vida social está bem menos intensa, não tenho filhos, estou trabalhando no mestrado em casa e sinto real prazer em passar meu fim de semana na cozinha, o resultado é uma produção maior do que seria necessária para duas pessoas. E ter um marido guloso e um freezer espaçoso realmente ajuda.

O que não posso deixar de fazer aqui em casa sob sérias crises de muxoxos e resmungos é o iogurte. Um litro por semana só para o Marido. Faço há muitos anos, mas depois que li na Pat Feldman que a melhor cepa de bactérias vêm do Actívia, usei ele como fermento, obtendo um resultado ainda mais suave do que o normal, que já não é nada ácido.

Iogurte Caseiro

200 ml. de iogurte natural (se o potinho tiver menos que isso, tipo 170 ml., não há problema)
1 Litro de Leite (da sua preferência; Marido acha o desnatado pouco denso em comparação com o integral)

Aqueça o leite a uma temperatura em que possa manter o dedo por dez segundos sem que se queime e ponha em pote de vidro ou cerâmica (minha mãe usava um de cerâmica de seu casamento, e é esse que eu uso).

Cubra com um pano de prato grande e dobrado em quatro para ficar mais grosso, e ponha dentro do forno ou microondas desligado. O processo dura cerca de 12 horas, mas eu nunca conto: ponho depois do jantar e no café da manhã já está pronto.

Separe 1 xícara de 200 ml. de iogurte e cubra com papel filme, deixando na parte mais alta da geladeira, mas não na porta. Na semana seguinte, é só usar o iogurte que separou como fermento.

Eu separo 1 xícara para usar como substituto de creme de leite em receitas doces ou salgadas, e adoço e ponho baunilha no restante.
Também bato com a geléia de fruta que eu tiver feito na semana, e faço iogurtes com sabor. A de morango rende um chambinho fantástico!
Para vitamina, uso o iogurte no lugar do leite para ficar mais cremosa e nutritiva.
P.S. A foto é de uma taça de iogurte, com amoras vermelhas frescas, abundantes na minha cidade, com molho de româ. Delícia...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Chilli com Broa de Milho

Começo pedindo desculpas pelas péssimas fotos que definitivamente não fazem jus ao sabor delicioso e reconfortante. Não estava com a minha máquina e foi o melhor que pude fazer sem ela e sem talento.

Estou querendo fazer essa receita há tempos, desde quando vi no programa da Nigella. A idéia de uma travessa de Chilli coberta por uma broa de milho, as duas assadas juntas, me encheu a boca d’água... Assim que comprei o Nigella Express corri para ver a receita e... não estava lá!! Era do Nigella’s Feast(é isso?)! Procurei muito na internet e finalmente achei, mas modifiquei um bocado a receita na hora de fazer (como sempre!...) e a receita de Chilli, usei a da família de minha tia, que eu acho campeã.
Adoramos o resultado, mas na próxima vez, diminuo um pouco a farinha de milho e ponho um pouquinho mais de farinha de trigo e gordura para ficar mais molhadinha e leve, pois acho que o buttermilk que ela usa que, por ser uma espécie de resíduo da manteiga, deve ser mais gorduroso que o leite desnatado que usei, fazem a diferença.
Rende MUITO e não pense que é pouca massa, pois quando ela absorve a umidade, ela triplica de tamanho.

Obs. Não estranhe a medida da carne em xícaras, pois foi assim que ela me passou e, como na maioria das vezes uso soja, assim facilita.
Chilli

4 xícaras bem cheias de carne moída ou soja hidratada
1 ½ xícara de grãos de feijão vermelho cozido al dente, sem caldo
3 xícaras de tomate pelado em lata ou tomate Débora picado, BEM maduro
1 xícara de água
1 cebola grande em cubos grandes
6 dentes de alho
1/3 de xícara de pimentão verde picadinho
1 alho-poró pequeno fatiado
1 cenoura pequena em cubinhos
2 colheres de sopa cheias de páprica doce defumada
Pimenta Chilli em pó à gosto
Cheiro-verde à gosto
Azeite à gosto
Sal à gosto
2 colheres de sopa de cacau (parece estranho, mas não tire pois, na minha opinião, é o que diferencia o Chilli de um ensopado)

Refogue a carne em panela funda com azeite bem quente. Acrescente nesta ordem: o alho, a cenoura, o pimentão, a cebola, o alho-poro. Ponha o tomate, a água, os temperos, e deixe cozinhar. Acerte os temperos a seu gosto. Se for comer com arroz, está pronto.
Se for fazer a broa de milho por cima:

4 xícaras de farinha de milho flocada (prefiro, pois acho que fica mais leve e não empelota – da próxima vez uso 3 ½ xícaras)
¼ de xícara de farinha de trigo (da próxima vez uso 1/3)
4 colheres de chá rasas de fermento em pó
1 ½ colher de chá de sal
2 ½ xícaras de leite
4 ovos
¼ de xícara de azeite (da próxima vez, acrescento 2 colheres de sopa de manteiga)
2 colheres de sopa de mel (parece estranho, mas não tire, pois fica delicioso!)
2 colheres de chá rasas de canela
1 xícara de queijo cheddar ou provolone ralado (não coloquei, mas na próxima ponho)
150 g. de cheddar ou provolone ralado grosso para cobrir
Para fazer a broa, é só misturar tudo ( menos a farinha de rosca) e verificar o sal.

Para montar: ponha 1 xícara de água no fundo de uma assadeira grande e por cima, ponha o Chilli, que tem que estar um pouco aguado para não ressecar e queimar no fundo enquanto a broa assa.

Por cima do Chilli, espalhe a massa da broa, alise o melhor que puder e espalhe por cima farinha de rosca em chuva fina, acertando com a mão para tapar os possíveis buraquinhos que fariam a massa molhar e ficar embatumada.

Espalhe por cima o queijo e se quiser, polvilhe páprica. Asse em 200°C, por cerca de 30 a 40 minutos, quando a superfície estiver dourada.

Obs. Se fizer com a broa, ponha mais pimenta chilli, pois a farinha de milho suaviza o ardor da pimenta.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Faço essa torta há algum tempo e sempre adoro o resultado: é barata, fácil leve, deliciosa e versátil. Lembrei da Leila e da Glau, pois pode ser levinha e também sem glúten.

Aqui onde moro compro uma excelente ricota de cerca de 700 g. por mais ou menos R$ 1,80, então sempre tenho na geladeira. Uso restinhos de legumes refogados ou lingüiça de pernil picadinha com cebola roxa ou ainda alho-poró com parmesão fresco mas na verdade, pode ser o que tiver na geladeira ou ainda purinha.

Obs. Na foto (que está péssima, sorry!Estou sem minha máquina...) ela está desenformada dos dois lados, com o fundo para cima e para baixo.

Torta de ricota sem Farinha

500 g. de ricota fresca
3 ovos
½ xícara de leite
1 colher de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de fécula de batata (pode ser farinha de trigo)
1 dente pequeno de alho
1 colher de chá de fermento
Sal, orégano e manjerona à gosto

Para o fundo da assadeira:
1 xícara de lingüiça picada, ou legumes refogados, ou parmesão fresco...

Para a massa, bata tudo no mixer (tudo junto) ou liquidificador (se usar o liquidificador, ponha os ovos, manteiga, leite e temperos em baixo, a ricota amassada por cima e misture a fécula peneirada no fim, à mão, para não forçar a máquina)
Unte e enfarinhe uma assadeira redonda média, espalhe a xícara do que quiser (eu usei lingüiça de pernil e alho-poró), ponha a massa de ricota e asse em forno médio por cerca de 30 minutos ou ate que ao enfiar uma faca ela saia limpa. Pode desenformar assim que sai do forno que não quebra, e servir em seguida.

Brownie de Doce de Leite? Ai, ai, ai...



Marido chocólatra estava implorando por algo que fizesse suas “lombrigas” gritar em festa e regozijo! Minha barra de chocolate tinha acabado então comprei a melhor barra pequena que pude encontrar para testar um brownie que tinha visto no David Lebowitz: a combinação me pareceu muito boa para não tentar, então ficou aguardando o momento certo. Acontece que meu freezer é antiguinho (herdei da mãe), pequeno, fofo e... vermelho!!! A parte do antiguinho é para dizer que ele não é Frost Free e, quando não consegui mais soltar o pote de acerolas (do quintal!!) do meio da geleira descontrolada, achei que era hora de descongelar ( ou isso, ou ia ficar sem suco, pois o pé de acerola está carregado, mas elas ainda estão verdinhas... ).
O resultado imediato foi uma cozinha alagada, e uma tarde de sábado lavando cozinha e área, o resultado posterior foi uma dor no corpo dos infernos e um brownie adiado. Acontece que cada vez que aparecia na cozinha, via o marido acariciando libidinosamente a barra de chocolate, então achei melhor fazer logo a receita, antes que o chocolate fosse misteriosamente abduzido da despensa. Modifiquei poucas coisas na receita (a original está aqui), e foi aprovadíssima: não é enjoativo, é fácil e rápido. Perfeito, não?
Brownies de Doce de Leite

8 colheres de sopa de manteiga
170/200 g. de chocolate meio-amargo
¼ de xícara de cacau de qualidade
3 ovos
200 g. de açúcar
Baunilha à gosto
½ xícara de avelãs
¾ de xícara de farinha de trigo
1 colher de chá de bicarbonato
½ lata de doce de leite gelado (eu uso leite condensado cozido e deixo no freezer)

Derreta o chocolate com a manteiga em banho-maria ou na potência 5 do microondas e misture bem até imcorporar. Peneire o cacau aos poucos e misture bem. Acrescente os ovos um a um e depois o açúcar. Acrescente o bicarbonato peneirado, a baunilha, as avelãs e, por ultimo a farinha de trigo. Esta, acrescente em 3 vezes, e misture pouco, só o suficiente para incorporar, do contrário o glúten tornará a massa pesada.

Unte bem e enfarinhe uma assadeira (a minha é grossa e de teflon, se a sua for fina, ponha outra assadeira emborcada em baixo), espalhe a massa e ponha muitos pedaços de doce de leite com uma colherinha de café e, quando terminar, passe as costas da colherinha na massa para cobrir parcialmente os pedaços de doce. Asse em forno médio-baixo por cerca de 30 minutos ou até enfiar um palito ou ponta de faca e sair levemente sujo (não deixe secar demais a massa).

Obs. O Marido comeu morno enquanto eu devorava um cacho de uvas (falei que não sou muito de doces...) e quando eu perguntava: “-Está bom?” ele só gemia de olhos fechados. Percebi então que ele gemia independentemente das minhas perguntas...rsrsrs
Provei no dia seguinte para dar o meu parecer: é mesmo divino, e nada enjoativo como pensei que ficaria.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Hoje eu vim reclamar. Há algum tempo me rebelei contra essa mania chata de hiperhigienização de tudo. Sempre achei um saco todo o processo de limpeza de folhas de salada e frutas, e como essa é uma tarefa do membro da família que tem a menor jurisdição na cozinha, sempre foi tarefa minha. Depois que me casei, passei o fardo para o Marido, que DETESTAVA a chata tarefa de separar a infinidade de folhas, ramos e frutas, lavar uma a uma, deixar de molho no cloro, escorrer, lavar com água filtrada, pôr na centrífuga de saladas, forrar o pote com papel-toalha e trocá-lo de dois em dois dias para a quantidade infinita de folhas não estragar (odeio jogar comida fora!). E como a família é menor e só uma refeição é feita em casa por dia, a chance de não darmos conta de comer tudo a tempo é grande. Para piorar a situação, Marido cresceu comendo lasanha Sadia, esfirra congelada e bife com batata frita congelada, ou seja, salada não está em seus hábitos como está nos meus.

Notei, muito chateada, que diminui meu consumo de saladas cruas para não ter que jogar comida fora e então... cansei. Passamos a vida inteira tomando gemada, comendo marshmellow caseiro, lambendo as pás da batedeira, comendo ovos quentes, mas agora não pode comer gema crua! Sempre lavamos as folhas das saladas, mas agora temos que fazer todo esse processo que só diminui o nosso consumo de saladas. A cada dia, temos notícias contraditórias que se sucedem como a de que ovo só se consome 1 vez por semana por causa do colesterol, depois que podíamos até 2 por dia, e depois 3 por semana...

Não suporto mais o controle que os grupos médicos e científicos assumiram sobre algo que aparentemente sempre foi tão simples: com uma dieta equilibrada em quantidade, com a maior variedade possível de alimentos e formas de preparo e o mais próxima possível de seu estado original, você consegue uma ótima alimentação.

Comida não é só números de proteínas, carboidratos, vitaminas... é o copo de leite morno antes de dormir, o purê de batata com alho quando se está com amigdalite, o bolo de banana invertido do lanche de domingo... Que fragmentação da minha comida é essa?

Decidi que compro alface orgânico e não pré lavado com cloro, e fico feliz se ao lavar encontro uma lesminha ( sinal de que não está coberta de agrotóxicos para matar as pragas ), não me importo a mínima de perceber que minha folhas têm furinhos! Se não tiver orgânico e eu estiver desejosa de minha saladinha, decidi que não vou morrer por lavar como sempre as folhinhas.

Para melhorar, agora não sou mais a única que acha um contra-senso me proteger de bactérias ingerindo...água sanitária! Se elas matam bactérias das folhas, matam as que habitam no meu estômago e intestinos e que estão lá para me proteger, tornando maior a chance de ficar doente por destruir o meu sistema imunológico do que por eventualmente ingerir uma bactéria que meu organismo preparado dará conta de exterminar. Como li em uma deliciosa entrevista de MICHAEL POLLAN no Crianças na Cozinha : "primeiro, coma comida. Depois, não coma nada que sua avó não reconheceria como comida." É isso. Fácil, não?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Uma promessa adiada que virou... Meu melhor Cupcake!

Terça-feira foi aniversário da minha vozinha! Tinha planejado levar um bolo bem cheio de chocolate para ela, que é uma formiguinha, mas motivos de saúde me fizeram fincar o pé em casa então transformei a receita acrescentando umas coisinhas aqui e ali.

O resultado foi esse: Cupcakes de Café Espresso e Chocolate com Recheio de Brigadeiro de Café. Parece bom? Acreditem, o sabor é ainda melhor!!! Pouco enjoativo para agradar pessoas como eu, mas doce o suficiente para deixar o Marido gemendo e suspirando...

A massa é incrivelmente leve, mas tive um probleminha: estou acostumada a encher as forminhas em ¾ de sua capacidade, mas a massa transbordou, melecando todo o entorno e a assadeira e vocês não imaginam a sujeirada que foi tirar toda a massaroca grudada sem danificar meus lindos cupcakes. Aconselho a encher meia forminha mas, ainda assim, soltaram muito fácil, viu?

Cupcakes de Chocolate e Expresso Com Brigadeiro de Café

1 ¼ xícara de farinha de trigo
¾ de xícara de açúcar
1 colher de cafá rasa de sal ( só uso o marinho)
½ xícara de açúcar mascavo
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
5 colheres de sopa de cacau em pó
1 ovo e 1 clara
½ xícara de café expresso bem forte e quente
6 colheres de sopa de manteiga derretida
½ xícara de iogurte natural (eu usei o que eu faço)
Baunilha

Brigadeiro de café

1 lata de leite condensado
4 colheres de chocolate em pó ( e não achocolatado, viu? )
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de sopa rasa de café instantâneo
Peneire os secos, exceto o açúcar mascavo, e misture bem.
Unte e enfarinhe as forminhas e Ligue o forno em temperatura média.
Acrescente os líquidos todos sem mexer a cada adição. Quando colocar todos os ingredientes, misture com fouet ou garfo somente o suficiente para incorporar tudo, pois quanto menos mexer, mas fofa e
leve fica a massa.

Encha as forminhas pela metade e asse por cerca de 15 minutos ou até que ao enfiar uma faca ou palito ele saia limpo.

Misture os ingredientes do brigadeiro e leve em fogo médio até soltar do fundo da panela. Não se preocupe que os gruminhos se desmancham com o calor.

Quando tudo estiver frio, faça com cuidado um buraco no centro de cada cupcake.

Preencha com o brigadeiro em saco de confeiteiro e um bico bonito ( eu usei um de babados ), ou faça assim: encha um saco plástico grosso e BEM LIMPO com o brigadeiro. Torça o saco para que não fique com ar, corte a pontinha do saco e use!

Rende 16 cpcakes médios

P.S. Não use forminhas muito grandes pois a massa é muito líquida e pode não bem assar o meio.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pão de Fôrma Integral...da minha cozinha!

Aqui em casa só comemos pão de fôrma integral. Acontece que dia desses, achando que tava fazendo um grande negócio, comprei um pão integral de cenoura daquela marca que é a mais famosa.
Estava um dia chuvoso e Marido,que é professor, chegou meio resfriado em casa e com a garganta inflamada e, para se recuperar para o dia seguinte, resolvi fazer o remedinho caseiro com o qual minha mãe acalmava meu corpo e minha alma: leite quente com açúcar queimado e french toast.
Como marido precisa de mais "sustança" que eu, resolvi incrementar a french toast, recheando-a com doce de banana caseiro.
Na minha mente, aquela "rabanada" quentinha, com seu recheio aromático rescindindo a canela escorrendo após a primeira mordida era todo o aconchego de que ele precisava.

Fiz o caramelo escuro, despejei o leite e, enquanto esperava o caramelo derreter, preparei o pão com o recheio. Ao molhar no leite com baunilha e no ovo, tentei apertar as laterais pão e senti que não consegui selar. Pensei: "- Ah, devia ter comprado pão branco, que já é uma cola naturalmente..." mas, mais impaciente que macaco em dia de visita no Zoológico, é óbvio que calei minhas vozes internas.

Grelhei em manteiga e consegui, com habilidade e paciência cirúrgicas...
espalhar todo o recheio pela frigideira, mantendo mais banana fora do pão do que dentro! Respirei fundo, me enchi de calma, e recomecei todo o processo. Desta vez pareceu ter dado certo! Marido gostou, mas quando provei, percebi que aquela mudança que ocorre no pão quando embebido, passado no ovo e aquecido, não aconteceu. A estrutura da massa permaneceu inalterada, quando mordi o pão não senti que tinha feito tudo aquilo, mas que tinha enfiado o saduba debaixo da torneira aberta: era pão molhado. Só.

Tudo isso para dizer que DETESTEI AQUELA BOSTA DE PÃO. MESMO. MUITO. E resolvi fazer o meu. Estando à milhas de ser uma Ana Elisa (e seus pães que me fazem babar!), adaptei 3 receitas de família e fiz o meu primeiro pão de fôrma integral!
O resultado: Ficou delicioso, com miolo consistente e leve, casquinha crocante e muuuiiito cheiroso! Mas façam em fôrma média, pois a única que tenho foi grande demais para a receita, resultando em
um pão muito baixo











Pão de Fôrma Integral

230 g de farinha de trigo branca
170 g de farinha de trigo integral
50 g. de farinha de centeio (pode ser farelo de trigo ou farinha integral)
1/4 de xícara de azeite
250 ml de leite morno
1 ovo
2 colheres de chá de açúcar
2 colheres de chá de sal marinho
1 1/2 colher de chá de fermento granulado para pão

Misture todos os secos separando cerca de meia xícara da farinha integral. Acrescente o ovo. o leite e o azeite, e veja a necessidade de incluir a farinha separada. A massa é grudenta então é bom ajudar sova com uma espátula. Não ceda à tentação de acrescentar farinha até desgrudar: una a massa com a espátula, lave as mãos, unte-as com um fio de azeite e unte também um bolwl onde a massa descansará. Com as mãos e a espátula, junte a massa e role-a no bolw para untar toda sua superfície.
Deixe descansar por 1:30h., abaixe a massa, que agora não grudará mais, e ponha em fôrma de pão untada. Deixe crescer mais 1 hora e asse em forno médio ate dourar a superfície. Eu desenformei assim que saiu do forno e saiu imediatamente e sem quebrar! Tentei tirar a foto com a manteiga gelada, mas derreteu imediatamente!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bons amigos, bons livros, cerveja gelada... quem precisa de mais?

Muito tempo sem postar, né? Mas fiquei vários dias fora de casa pois o marido surtou de felicidade com a possibilidade de ir ao show do R.E.M., e aproveitamos para abusarmos da hospitalidade de um casal muito amigo e querido.

Como eu não iria ao show, fiquei no novo apartamento deles (que é liiinnnndo!!!) curtindo solidão, música boa e fazendo biscoitos, sorvete e torta de queijo para quando os famélicos voltassem.

Tudo devidamente devorado, ainda estou devendo a receita da torta para a Dani (vou postar essa semana sem falta, viu linda?!?).

Saindo de lá, aproveitei que estava no Rio e, antes de voltar pra "roça", fui na Tok & Stok e na livraria de onde saí com esse livrinho bacanérrimo que vai alimentar minha atual obsessão com os sorvetes caseiros. É da Shona Crawford , "food editor" da deliciosa revista Country Living,


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Presentinhos de engordar...











Vamos começar pelo começo: sempre amei Natal. Sempre. Tendo só meus pais, ou a (enorme) família inteira, sempre curti todos os preparativos que envolviam a festa. Gostávamos tanto de Natal que, lá em casa, depois do aniversário da minha mãe, 5 de Outubro, a neurótica que reside em mim começava a fazer as listinhas: listas das comidas salgadas, dos doces, do que cada um levaria, dos presentes, das lembranças, dos presentes pro orfanato, os enfeites a comprar para a decoração daquele ano (pois as decorações eram temáticas e mudavam a cada ano ), decidir onde seria, quem iria, fazer a lista do inimigo oculto e do amigo-oculto-faça-você-mesmo, dos ingredientes, dos materiais para os embrulhos e decoração...

Há alguns anos atrás, fiz compotas, bombocados e biscoitos, fiz embalagens recicladas bem lindinhas para acomodá-los e presenteei a todos. Foi tamanho o sucesso que virou tradição! ADORO cozinhar para os que amo, planejo muito e com absurda antecedência, e tenho uma certa tendência megalomaníaca a armar superproduções, mas costumo deixar a execução sempre para última hora. E foi exatamente o que fiz mandando no último momento essa receitinha para a querida Leila.



Uma dica de embalagem que fez sucesso:

Corte aqueles suportes para ovo a granel ( como a caixa, mas sem a tampa ) como se fosse para 6 ovos, pinte de branco e não se preocupe se ficar irregular, pois fica parecendo pátina. Deixe secar.

Misture goma-laca com gliter furta-cor e passe por fora.
Ponha palhinha no fundo, acomode 12 biscoitos de bom tamanho, envolva todo o arranjo em celofane transparente, e faça uns 5 lacinhos simples com a palhinha, prendendo um pauzinho de canela.




Cookies Natalinos

2 ½ xícaras de farinha
½ xícara de maisena ou fécula
½ colher de chá de sal
½ xícara de granola levemente processada
200 g. de manteiga amolecida
½ xícara de açúcar mascavo
1 xícara de açúcar
2 ovos
2 colheres de chá de extrato de baunilha
½ colher de chá de fermento
2/3 de xícara de cacau
1 colher de chá rasa de cravo
1 colher de café de noz moscada ralada na hora

Pré-aqueça o forno à 180°C. Bata com um fouet a manteiga com os açúcares. A crescente os ovos e bata até incorporar bem, e então ponha o cacau, a baunilha, o cravo, a noz-moscada. Vá peneirando os secos aos poucos e depois deixe descansar 1 hora na geladeira.

Ponha colheradas da massa na assadeira e asse por cerca de 10 minutos, até ficar totalmente opaco e macio no centro. Ele só firma ao esfriar.

Se quiser, peneire açúcar de confeiteiro quando estiver úmido em cima e volte ao forno para terminar de assar.

Espero que gostem! A massa é fácil, é macio como um brownie e o cravo e a noz-moscada dão um gostinho de Natal inconfundível!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mulher insistente...ganha presente!



Já contei à vocês que me casei à pouco tempo e, como aqui o dinheiro não está dando em xaxim, estou longe de ter todos os apetrechinhos de cozinha que gostaria. Tenho certeza de que não sou a única a ter uma extensa listinha de desejos, e imagino que também não sou a única a ter um marido que não entende a relevância de se fazer um souflé em ... uma fôrma de souflé!

Como eu aaaammmooooo souflé, e já não podia correr para a casa da mamãe para satisfazer meus desejos, passei meu primeiro ano de casada tentando meu marido : '- Puxa, estou com uma vontade de fazer souflé de goiabada com calda de catupiry...!"

Sim, porque eu tenho vontade de fazer comida muito mais do que de comer! Em dias frios, eu tenho vontade de fazer pão, dias chuvosos, vontade de fazer biscoito doce, de madrugada gosto de fazer e confeitar bolo, de manhã bem cedinho é minha hora de cozinhar grão de bico para o hommus de todo dia, e assim vai.

Voltando à prosa, também apelei para a grave abstinência de chocolate em que o rapaz se encontrava e joguei o anzol: " - Esse domingo chuvoso tá pedindo sabe o quê? Um souflé de chocolate meio amargo com calda gelada de laranja...". Puxei a linha e no anzol veio uma bota.

Fisguei o coitado quando cismei com um souflé de limão. Neste ponto devo explicar o porquê das sucessivas falhas: apesar de já ter percebido que só uma receita de doce o convenceria, me esqueci de que homens são seres visuais, e nem toda a minha verve seria mais eficaz do que uma simples foto. Catei uma imagem qualquer para dar voz ao meu intento e o marido babou alucinado por um souflé de...abobrinha!

E o resultado foi: " - Uau!!!! Vamos sábado na Tok & Stok ver sua fôrma e mais umas coisinhas? ".Comprei a bendita, umas canecas lindinhas pra minha coleção, e mais umas bobagens necessárias.

Souflé de Limão

200 g. de açúcar
1 colher de sopa de farinha de trigo
4 gemas sem pele
2/3 de xícara de leite
2 colheres de sopa de manteiga
raspas de 2 ou 3 limões
1/3 de xícara de suco de limão
4 colheres de sopa de limoncello (ou um licor cítrico)
5 claras

Creme de Ricota

1/2 xícara de ricota fresca
1/2 xícara de leite gelado
3 colheres de sopa de açucar
Gotas e raspas de limão à gosto

O creme: Bata tudo no mixer ou liquidificador até ficar bem liso. Controle com o leite e o suco de limão para ficar com textura de iogurte, pois tudo vai depender do quão seca é a ricota. É para ficar mais para o doce, para contrastar. Guarde no freezer para servir bem gelado.

Misture 3/4 de xícara de açúcar, as gemas e a farinha no leite e leve ao fogo brando, mexendo sempre até começar a engrossar. Cozinhe por mais dois minutos e desligue o fogo. Acrescente a manteiga e mexa bem até o creme ficar brilhoso.
Deixe amornar e acrescente o suco, as raspas de limão e o limoncello.

Agora a parte importante: Bata as claras em neve e quando começar a endurecer, acrescente o restante do açúcar às colheradas. Bata em picos firmes, mas não deixe as claras ficarem opacas e muito duras.
Pegue uma colher das claras e misture vigorosamente com o creme totalmente frio, pois isso facilita na hora de incorporar o restante. Agora incorpore a metade das claras com o movimento de baixo para cima com fouet, e depois incorpore o restante. Não misture muito pois são as pelotas de claras que farão o creme inflar. Ou seja, empelotado é bom!

Unte e polvilhe açúcar no fundo e laterais de uma fôrma grande ou 8 individuais. Encha com cuidado 3/4 da fôrma com a mistura, bata com o fundo para tirar possíveis bolhas, polvilhe açúcar de confeiteiro, e asse à 200°C na grade de cima por 30 ou 40 minutos (quando estiver dourada e inflada).

Sirva imediatamente, polvilhada com açúcar de confeiteiro e acompanhada do creme de ricota bem gelado ( desta vez eu servi com o iogurte natural que eu faço em casa)

P.S. se quiser aquela lateral retinha, ponha uma tira de papel manteiga por dentro, na borda da fôrma, para aumentá-la, e tire antes de servir.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Para amainar o calor...




Ultimamente tenho sido bastante persistente nas minhas tentativas de convencer o marido a incluir no orçamento umas "coisinhas" para equipar a cozinha.

Algumas são até razoáveis, como é o caso das panelas. Como tenho implicância com aquelas panelas carérrimas de inox, que pesam 3 toneladas e o pegador aquece e queima sua mão, e teflon para mim só em frigideiras, então comprei um jogo lindinho de ágata vermelho quando me casei. Não contamina a comida, é baratinho, combina com a cozinha, enfim, ótimo.

Mas acontece que o meu fogão é de uma linha profissional, coisa que eu desconhecia quando o comprei, o que faz com que a chama seja muito alta e a graduação mínima do forno seja a média do normal, o que faz meus bolos de 40 minutos assarem em 20. O resultado foi um período de adaptação com muita comida queimada ( se temos que esperar 30 minutos para abrir o forno quando assamos um bolo em forno comum, até perceber que a matemática de dividir não funcionava, perdi muitos bolos...) e os cabos de baquelite se queimaram então agora tenho só 2 panelas que não perderam os cabos, mas isso é por pouco tempo...

Meu sonho de consumo é uma Le Creuset!!! Tá, eu sei que é caríssima, mas eu sou do tipo de pessoa que não segue moda, então compra coisas que durem bastante, prefere juntar dinheiro e pagar à vista do que parcelar, prefere poucas e boas coisas e dá valor às coisas pelo que elas são e não pelo que custam, então a idéia de uma panela que te dá garantia vitalícia em um mundo de descartáveis muito me atrai. Além do mais, eu detesto fazer compras então quanto menos tiver que voltar a uma loja, melhor.Tem gente que quer um carro do ano, eu quero uma panela!!


Bem mais em conta é outro item da lista de desejos: a sorveteira. Ok, não me importo nem um pouco de fazer sorvetes cremosos usando minha batedeira da década de 70, herdada da mãe. que quando bate o creme espesso diminui de velocidade e emite sons e cheiros bastante preocupantes. Mas para sorvetes de frutas sem leite, sorbets, só com a sorveteira.

Antes de me conhecer o marido era um devorador voraz do sorvete de gordura vegetal hidrogenada, aroma artificial de nata, corantes, estabilizantes, gelificantes, aromatizantes, e outros "antes", conhecido como flocos. Litros por semana. Hoje só consome os caseiros de caramelo, morango, capuccino, doce de leite, banana caramelada...

Como prometido, vou postar os que fiz neste fim de semana, mas perdoem as fotos, pois ainda estou no cabo-de-guerra com minha máquina e, aparentemente, não estou vencendo. Tentem perceber as sementinhas dos morangos e os pedaços de doce de leite no meio do sorvete...!

Sorvete de Morango

3 Caixinhas de morango (beeeemm maduro)
2 Latas de creme de leite
1 1/2 xícara de açúcar
Suco de 1 limão

Geléia de Morango

Lave os morangos e tire as folhinhas. Pique grosseiramente em 3 ou 4 pedaços e ponha na panela. Cubra com o açúcar e deixe pegar ponto de geléia (verifique pondo um pouco da calda em um pires e ao virar, ele deve descer lentamente). Desligue o fogo e ponha o suco de limão para recuperar o azedinho que é natural do morango

Se quiser pedaços de morango no sorvete, separe pouco mais de 1/4 de pedaços da geléia. Bata o restante no mixer ou liquidificador com o creme de leite (com o soro). Bata 3 ou 4 vezes, de hora em hora, na batedeira ou mixer. Quando estiver firme o suficiente para que os pedaços de morango não afundem sozinhos, espalhe-os pela superfície e empurre para que fiquem no centro da massa do sorvete. Não bata mais.
Se for fazer só a geléia, use menos de 1 xícara de açucar.

Sorvete de Doce de Leite

2 Latas de leite condensado
1 Lata de creme de leite
1 Lata de leite
2 gemas

Cozinhe em panela de pressão as 2 latas de leite condensado por cerca de 50 minutos. Leve ao fogo o leite com as gemas até engrossar e deixe esfriar.

Quando as latas estiverem completamente frias (muito cuidado pois conheço pessoas queimadas seriamente no rosto por isso), abra e bata no liquidificador ou mixer com o creme de leite e o leite com gemas.

Se quiser pedaços de doce de leite entremeando o sorvete, reserve 1/2 lata e ponha no freezer. Bata entre 3 e 4 vezes, de hora em hora, e quando estiver firme, tire pedacinhos do doce de leite com a ponta de uma colherinha de café, espalhe na superfície e empurre para o meio da massa de sorvete.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Fim de semana agitado, computador truncado.


Fim de semana é sempre um ótimo motivo para fincar o pé na cozinha e engordar o marido pra ceia de Natal!...

Fiz um monte de coisinhas e vou postando aos poucos pois o computador está com "ataques de perereca-choque-nua" e desliga, me fazendo perder tudo o que escrevi. Para facilitar minha situação, minha câmera está com o temperamento bem semelhante, então ainda estou tentando tirar as fotos ...

Com esse calor insuportável aqui no Rio, disse pro marido que só iria para cozinha fazer coisas que levassem no máximo 10 minutos na frente do fogo, ou seja, os biscoitinhos prometidos dançaram, mas foram substituídos por sorvete de morango, cheio de sementinhas, e sorvete de doce de leite com pedaços do doce entremeando a massa do sorvete. Até que não foi uma troca ruim, não?!?

Vou postar os pãezinhos que são deliciosos e bem levinhos, mas é bom fazer em dia quente e seco, pois já os fiz em dias chuvosos, o que requer mais farinha e deixa a massa mais pesada.

Pãezinhos Colméia

450 g. de farinha de trigo
1/2 pacote de fermento granulado para pão
5 gemas
1/2 xícara de açúcar
2 colheres de sopa de manteiga
250 ml. de leite
1 colher de chá de sal
2 dentes de alho espremidos (se desejar)

Misture o fermento, o açúcar e o leite em temperatura ambiente, ou morno a ponto de conseguir manter seu dedo nele por tempo indeterminado. Ponha a manteiga em temperatura ambiente, as gemas e o sal e misture. Acrescente a farinha aos poucos e, se conseguir trabalhar a massa com menos quantidade de farinha do que o indicado, não ponha o restante.

Ponha em bowl de plástico untado e cubra com filme plástico. Deixe crescer até dobrar de tamanho (cerca de 30 minutos) em local quente como o forno desligado ou o microondas.

Faça bolinhas do tamanho de um limão pequeno e arrume uma encostada na outra em uma assadeira anti-aderente ligeiramente untada. Deixe crescer por mais 30 minutos. Pincele com gema ligeiramente batida com 1 colher de café de água e se quiser, polvilhe com queijo parmesão fresco no ralo grosso, sal marinho, ervas, ou o que desejar.

Asse em forno médio até dourar bem.

Obs. A massa é grudenta, então resista à vontade de colocar mais farinha, ou seu pão ficará pesado.

Obs2. Outras sugestões: enrolar a massa em canudo untado e rechear depois de assado, ou cortar quadrados, espalhar recheios secos e enrolar como rocambole.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um primeiro post carnivoro de uma menina que (quase) não come carne.


Venho de família italiana (Veneza por parte de pai e Calábria por parte de mãe) e a primeira receita que tenho lembrança de ter participado foi este ragu.

Tinha 8 anos e minha bisa disse que na terra dela existiam muitas maneiras de começar um molho de tomate... e nenhuma delas começava com um abridor de latas! Esta receita era de sua macarronada de domingo, quando todos os filhos, netos, bisnetos, amigos, cônjuges e namorados se reuniam para se sentar à ENORME mesa de alvenaria no jardim, à sombra de gigantescas frutíferas e só sair de lá à noitinha, após uma interminável sucessão de pratos, na mesa dos adultos e na mesa das crianças ( sim, a mesa dos pequenos era separada!).

Mais uma coisa: minha bisa era de uma época em que, aqui no Brasil, a carne moída já era vendida assim, então tinha todo tipo de pelanca, tecido conjuntivo e outras nojeiras junto e, na Itália, ela só tinha o moedor enorme usado para os embutidos, então a carne de peito era picada na ponta da faca.

A farra começava por volta de 9 da manhã: meu tio chegava com CAIXAS de frutas, e as mulheres mais velhas iam para a cozinha começar a ajudar a descascar, picar, temperar e a fazer os petisquinhos (pastéis, lingüicinhas, caponatas, pães...) que saiam da cozinha desde às 11:00 até às 14:00, quando o almoço seria servido.

A bagunça só terminava cerca de 8 da noite, com todos empanturrados e, ainda assim, já combinando o que ia ser feito no próximo domingo, e aceitando de bom grado as sobrinhas caprichosamente arrumadas pela bisa para "mais tarde, quando bater uma fominha..."

Ragú da Julinha

1 Kg. de peito bovino
150 g. de bacon
2 cebolas grandes
250 g. de cenoura
1 salsão
1 Kg. de tomates
1 colher de sopa de açúcar
6 dentes grandes de alho
Louro, salsa, alecrim,
manjericão e manjerona à gosto.
Vinho branco seco.
Deixe a carne em vinha d'alhos (vinho, pouco sal, muito alho, pimenta calabresa, e ervas ) de um dia para o outro.

Em uma panela funda ponha um dedo de azeite e na sua taça, um dedo de vinho. Ponha o bacon para fritar até a gordura desmanchar. Frite a carne até grudar no fundo, dourando sem queimar. Ponha a cenoura em quadradinhos mínimos, refogue um pouco e ponha a cebola em cubos grandes, o alho em lâminas, e o salsão picado pequeno.

Ponha pouco mais da metade do tomate em cubos, com pele e sementes (se quiser tirar as sementes, o tomate perde um pouco da acidez) e a vinha d'alhos e reabasteça sua taça. Ponha o açúcar e cozinhe por cerca de 1 hora em fogo baixo.

Tire a espuma que se formou na superfície ( é ela que deixa o molho ácido), ponha o restante dos tomates até que amoleçam sem desmanchar. Acerte o sal, as ervas e desligue o fogo para que elas não percam o gosto. Sirva com fetuccini.

Serve 5 pessoas famintas.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008


Iiiiiêêêêêêêiiiiii! Primeiro Post! Caramba, como demorou! O projeto já existe há um ano, mas só agora as coisas estão acalmando...

Quais são as razões que levam alguém tímido a escrever um blog? Não sei ao certo, mas eu tinha um monte de motivos.

Eu não conhecia blogs até que buscando no Google sobre a batedeira da Kitchens, caí em um que amei e onde vi tudo o que eu vinha falando há anos na boca de outra pessoa: Ana Elisa do La Cucinetta. Caí nesse mundo sem volta e embriagante, conheci várias outras meninas sensacionais através de seus blogs (Come-se, Trem Bom, Rainhas do Lar, From our Home to Yours, Brigadeiro de Colher, Elvira ) e me pareceu muito lógico alimentar minha busca insana e obsessiva de receitas com as já testadas, comentadas e melhoradas por elas.

Existe também um motivo emocional: sou recém casada e minha mãe faleceu cerca de três meses antes da data em que eu me casaria. A festa foi adiada, mas aconteceu muita coisa em pouco tempo.

Minha mãe sempre usou a comida como forma de demonstrar seu amor e eu aprendi, desde criança, a fazer o mesmo. Adoro cozinhar para aqueles que amo e, na ausência de minha mãe para trocar figurinhas e receitas, faço isso com vocês!